Dia Mundial da Conscientização do Autismo: Realidade, Desafios e Avanços – Com a Psicóloga Victória Ananda (CRP 21/06438)
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Dia Mundial da Conscientização do Autismo: Realidade, Desafios e Avanços – Com a Psicóloga Victória Ananda (CRP 21/06438)
No dia 2 de abril, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, campanhas informativas e de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) são realizadas em todo o mundo, com o objetivo de ampliar a compreensão sobre o transtorno e combater o preconceito. A data foi estabelecida em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma iniciativa para chamar a atenção global para o TEA, promovendo inclusão, respeito e acesso a diagnósticos e tratamentos adequados, especialmente diante do aumento dos casos.
Conforme o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, texto revisado), o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, além de padrões repetitivos e restritos de comportamento. Os sintomas surgem ainda na infância e impactam a vida diária, podendo incluir resistência a mudanças, interesses intensos e hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial.
Diante disso, é fundamental compreender a realidade e os desafios enfrentados pelas pessoas com autismo e suas famílias no Brasil. O avanço na conscientização começa pela compreensão dessa realidade e pela promoção de um olhar crítico e acolhedor sobre as dificuldades vividas pela população autista.
O Autismo que se manifesta em crianças e adultos...
Geralmente, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é fortemente associado à infância, pois seus sinais costumam se manifestar ainda na primeira infância, impactando todo o desenvolvimento do indivíduo. No entanto, o transtorno também afeta adultos, à medida que essas pessoas vivenciam diferentes estágios da vida. A descoberta do autismo varia de acordo com diversos fatores, sendo um dos principais o momento do diagnóstico. Enquanto algumas crianças recebem o diagnóstico precocemente, muitos adultos só descobrem que estão no espectro após anos convivendo com as características do TEA sem compreensão adequada.
Nesse contexto, é essencial entender o significado do termo "espectro", que se refere à diversidade de características que cada indivíduo apresenta dentro do transtorno. Além das particularidades individuais, há também variações no nível de suporte necessário para cada pessoa autista. O DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, texto revisado) classifica os níveis de suporte do TEA para indicar a gravidade dos sintomas e a necessidade de apoio no dia a dia. Esses níveis são divididos em três categorias, considerando o impacto dos déficits sociais e comportamentais na vida do indivíduo.
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA), os níveis de suporte são identificados pelas seguintes características:
• Nível 1: A pessoa requer apoio, apresentando dificuldades na interação social e na flexibilidade comportamental, embora consiga se comunicar verbalmente.
• Nível 2: O suporte necessário é substancial, pois há déficits mais evidentes na comunicação e comportamentos repetitivos que interferem significativamente no dia a dia.
• Nível 3: O indivíduo necessita de apoio muito substancial, apresentando comprometimentos graves na comunicação e comportamentos extremamente rígidos, exigindo assistência constante para suas atividades diárias.
Diante disso, é fundamental acolher cada indivíduo de acordo com suas necessidades, compreendendo os desafios e as particularidades que o TEA apresenta. O transtorno se manifesta de diferentes formas, e cada pessoa no espectro possui demandas específicas que devem ser analisadas com sensibilidade e atenção.
Os desafios enfrentados por autistas e suas famílias no Brasil...
No Censo Demográfico de 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu, pela primeira vez, uma pergunta específica sobre o autismo. O questionário investiga se há pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos domicílios brasileiros, permitindo um mapeamento inédito dessa população no país.
A inclusão dessa questão foi uma conquista de famílias, especialistas e associações ligadas ao autismo, que há anos reivindicavam dados oficiais sobre a prevalência do TEA no Brasil. Com essa informação, será possível formular políticas públicas mais eficazes voltadas às necessidades das pessoas autistas, como na educação, saúde e acessibilidade.
Vale destacar que, por se tratar de um levantamento baseado na autodeclaração dos moradores e não em diagnósticos médicos formais, os dados poderão ter algumas limitações. No entanto, o Censo 2022 representa um avanço significativo para compreender melhor o cenário do autismo no Brasil e embasar futuras pesquisas e ações governamentais.
Atualmente, não há um levantamento oficial sobre a quantidade de pessoas autistas no Brasil, mas especialistas fazem estimativas com base em dados internacionais. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, indica que cerca de 2,8% das crianças de 8 anos no país são autistas, o que corresponde a aproximadamente 1 em cada 36 crianças. Se essa mesma taxa for aplicada à população brasileira, estimase que cerca de 6 milhões de pessoas possam estar no espectro. No entanto, esse número é apenas uma projeção, já que o Brasil ainda carece de estudos específicos sobre a prevalência do autismo.
Além disso, pessoas autistas no Brasil têm direito a benefícios sociais e políticas de inclusão garantidas por lei. Um dos principais é o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), que assegura um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência, incluindo autistas, de baixa renda. A Lei Berenice Piana (Lei 12.764/2012) também foi um marco importante, ao instituir a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, reconhecendo o autismo como deficiência para todos os fins legais e garantindo acesso à saúde, educação e inclusão social.
O reconhecimento de direitos para autistas no Brasil cresceu a partir do movimento de familiares e associações, resultando em legislações como a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA), que facilita o acesso a serviços prioritários. Além disso, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Brasileira de Inclusão) reforça direitos como acessibilidade e adaptação curricular nas escolas. Essas conquistas continuam evoluindo com novas regulamentações e políticas públicas, fortalecendo a inclusão e o amparo às pessoas autistas no país.
Conscientização, Acolhimento e Garantia de Direitos
O movimento de conscientização da sociedade não é possível sem o acesso ao conhecimento. Por isso, profissionais da saúde, educação e assistência social em todo o mundo se mobilizam não apenas neste dia, mas ao longo de todo o ano, por meio de trabalhos e projetos que levam informação sobre o transtorno e promovem reflexões críticas sobre a realidade social. O objetivo é contribuir para uma maior inclusão e dar visibilidade às necessidades do público autista.
Quando se trata de inclusão, é essencial incentivar o debate sobre políticas públicas eficazes que assegurem os direitos das pessoas com autismo. No entanto, também é necessário um olhar atento às suas famílias, que enfrentam desafios diários para garantir qualidade de vida, acesso a tratamentos, recursos e reconhecimento social, livres dos estigmas e preconceitos que ainda cercam o transtorno.
Ao falar sobre autismo, é fundamental lembrar que uma pessoa com TEA não se resume ao seu diagnóstico, assim como as famílias que convivem com um membro autista não são definidas por ele. O diagnóstico tem o propósito de auxiliar e promover melhorias para as dificuldades enfrentadas, possibilitando mais compreensão e qualidade de vida. Autistas não precisam se encaixar no mundo — o mundo é que precisa se tornar mais acessível para todos. Se você conhece alguém no espectro, ofereça compreensão, respeite seu jeito único de ser e ajude a disseminar informação.
Para hoje, deixo uma reflexão: e se, em vez de tentarmos moldar o autista para caber no mundo, nos esforçássemos para tornar o mundo um lugar que acolha a todos? Pense sobre isso!
Contatos:
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Psicóloga Victória Ananda
Psicóloga Victória Ananda -CRP21/06438